PT de Mossoró mantém candidatura e quer recuperar tempo perdido

por Carlos Santos

O PT vai ter candidato próprio à Prefeitura de Mossoró. Foi essa a informação basilar que o presidente da sigla no município, professor Valdomiro Morais (PT), adiantou à imprensa hoje pela manhã em entrevista coletiva na sede do Sindicato dos Comerciários (SECOM).

Ladeado pelo pré-candidato a prefeito e também professor Josivan Barbosa, reitor da Universidade Federal Rural do Semi-árido (UFERSA), Valdomiro disse que a meta imediata é reabrir diálogo com partidos da base aliada do PT no plano nacional, para formação de uma política de alianças.

A prioridade é atrair partidos para apoio à chapa majoritária, sendo um debate acessório a discussão sobre coalizão na chapa proporcional (à Câmara Municipal).

Nota do Blog – O PT acerta em cheio em manter viva sua postulação a prefeito. Mais do que uma candidatura, precisa sinalizar com um projeto alternativo de poder, que não pode ficar preso ao diminuto tempo de uma campanha municipal, mas enxergar o futuro de forma plurianual.

Mas entra para sua contabilidade o prejuízo enorme de uma luta intestina fraticida e fatores externos, que produzem um atraso de pelo menos seis meses em sua pré-campanha.

Outro aspecto, é que agora precisa fazer o caminho de volta e tentar se recompor com partidos que praticamente já tomaram outro rumo, justamente devido a indefinição, o assembleísmo e a ausência de interlocutores seguros no PT.

Vale lembrar que em outubro do ano passado, Josivan anunciou solenemente que o empresário e presidente local do PDT, Rùtilo Coelho, seria o seu vice.

Pouco tempo depois, Valdomiro o desqualificou como porta-voz para tal anúncio. Em seguida, veio a arenga entre tendências do partido a favor da candidatura própria e os que eram contra essa aspiração.

Mais recentemente, a postulação de Josivan entrou no ‘pacote’ de negociação nacional do partido, com o PT (veja postagem abaixo), o que tornou ainda mais angustiante o projeto eleitoral mossoroense.

Bem, mas parece que a nebulosidade sobre a cabeça dos petistas começa a se dissipar. Agora é sebo nas canelas para tentar superar o tempo perdido.

Mossoró vira alvo de disputa PT-PSB contra bastião do DEM

via Carlos Santos

Cristian Klein (Valor Econômico On Line)

A cidade de Mossoró, no Rio Grande do Norte, tem 159.030 eleitores. Pode parecer alvo pouco interessante para os objetivos nacionais de um partido, mas virou uma questão de honra que envolve PT, PSB e DEM na eleição municipal deste ano e está atrapalhando uma candidatura a 2.804 quilômetros de distância dali: a do ex-ministro da Educação, Fernando Haddad (PT), na capital paulista.

Apesar das tentativas da cúpula nacional, o PT potiguar insiste em lançar nome próprio à prefeitura de Mossoró, o que dificulta os planos de uma troca de apoio que leve o PSB a se engajar numa coligação com Haddad, em São Paulo.

Em reunião ontem na capital, Natal, com o secretário nacional de organização do PT, Paulo Frateschi, o reitor da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa), Josivan Barbosa, manteve a disposição de levar diante sua candidatura.

Embora com colégio eleitoral modesto, Mossoró é repleta de simbologia e rivalidade que despertam a cobiça tanto do PSB quanto do PT local.

Maior produtora de petróleo em terra do país, é a única cidade entre as 118 maiores do país, com mais de 150mil eleitores, que ainda é governada pelo DEM, depois que a legenda definhou com a criação do PSD pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. O município representa como poucos a imagem de um dos últimos bastiões da segunda maior sigla de oposição.

Há décadas Mossoró é dominada pelo DEM e é a terra natal do presidente nacional do partido, o senador José Agripino Maia. Também é a cidade cuja prefeitura já foi controlada por três mandatos pela atual governadora Rosalba Ciarlini Rosado (DEM), única do partido a comandar hoje um Estado.

Mais do que do DEM, Mossoró é um feudo dos Rosado. A prefeitura é administrada por Fafá Rosado, prima do marido da governadora, o ex-deputado estadual Carlos Augusto, líder do grupo. A vice-prefeita também é da família: Ruth Ciarlini, irmã da governadora.

Os Rosados são hegemônicos desde 1948. Sendo quase impossível vencer sem ter o sobrenome, a oposição também é da família. Larissa Rosado é filha de Sandra Rosado, líder do PSB na Câmara dos Deputados e adversária da ala do clã filiada ao DEM.

Larissa aparecia, em dezembro, na liderança das intenções de voto, com 37%, à frente da provável candidata do DEM, a vereadora Claudia Regina. O reitor Josivan Barbosa, de acordo com o instituto Consult, registrava apenas 0,5%.

Mossoró era uma das cidades em que o PT mais confiava em ceder ao PSB para obter apoio em São Paulo. Caso se confirme, ela se juntará a Campinas e João Pessoa, cujos diretórios municipais já escolheram seus candidatos e a situação dificilmente será alterada pela cúpula petista.

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